Beach tennis: saúde mental e networking em quadra para líderes empresariais
Prática do esporte se expande no Brasil impulsionada por arenas montadas principalmente no centro financeiro de São Paulo
Um esporte relativamente novo – surgiu nas praias da Itália na década de 1970 –, que teve uma ascensão meteórica no Brasil, o beach tennis é receitado até mesmo por médicos para pacientes que buscam uma prática esportiva que auxilie na saúde mental. Mais do que uma atividade física, é considerado um lazer, uma possibilidade de socializar ao ar livre, fazer networking e até mesmo turismo para disputar torneios. Segundo dados de 2023 da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o beach tennis no Brasil concentra 60% dos praticantes da modalidade no mundo e se tornou uma verdadeira febre, especialmente no mundo corporativo.
Apesar de não se restringir a São Paulo, a prática de “sair do trabalho para o beach tennis” se popularizou na capital econômica do país. Prova disso são as arenas montadas por grandes marcas em plena Faria Lima, a famosa avenida onde muitas empresas têm suas sedes administrativas e financeiras. Só no estado de São Paulo, são 700 quadras de beach tennis, sendo 250 sediadas na capital.
“Para os executivos, foi uma grande sacada, pois eles podem estar presentes em qualquer brecha que tenham em sua agenda. Fui um dos primeiros a montar uma quadra de beach tennis em São Paulo. E então os fundadores do Posto 011 (maior complexo de esportes de areia do Brasil) quiseram trazer para a Faria Lima um pouco de qualidade de vida e saúde, e assim surgiu a ideia de montar a Arena XP. É muito gratificante ver as pessoas chegarem estressadas do trabalho e saírem leves e felizes”, afirma José Luiz, um dos mais famosos professores de beach tennis do Brasil e atleta profissional da modalidade.
Além do ambiente descontraído e da sensação de leveza, o beach tennis traz o lado social do tênis, no entanto, com maior facilidade de aprendizagem, menos impacto, por ser na areia, logo menos possibilidade de lesões. Resumindo: um esporte democrático quando falamos sobre preparação física e que ensina habilidades essenciais para a gestão de negócios, como aponta Julie Lamac, praticante de beach tennis e sócia da Moveer.BT, plataforma criada para atletas amadores da modalidade, que inclui torneios, workshops e clínicas:
“O beach tennis traz resiliência e ajuda a desenvolver o trabalho em equipe e o componente emocional. É sinônimo de desafio, garra, força de vontade e, principalmente, socialização. Acaba sendo uma atividade muito completa tanto para o corpo quanto para a mente”, resume Julie.
Lazer que virou negócio
Joana Cortez é uma das pioneiras da modalidade no Brasil, já foi atleta olímpica de tênis e se tornou multicampeã no beach tennis, com mais de 70 títulos, entre eles quatro vezes campeã mundial por equipes (2013, 2018, 2019 e 2021). Hoje, ela tem projetos para desenvolver o esporte no país, conciliando a carreira de atleta com a de empresária, como sócia da Metta Beach Tennis.
“As pessoas viram no beach tennis não só um esporte divertido, mas também um negócio. Depois da pandemia, principalmente, aumentou a busca por uma prática ao ar livre, então muita gente começou também a trabalhar, a se capacitar para trazer e ensinar a modalidade em cidades longe da praia”, explica Joana.
Até mesmo a rede da Escola Guga, tradicional no tênis, adaptou-se à moda e hoje tem 30% dos alunos no beach tennis. Bruno Raupp Vieira, diretor da Guga Kuerten Franquias (GKF) e responsável pela Escola Guga, conta que esse movimento de trazer o beach tennis para a escola começou há três anos e o número de alunos foi crescendo rapidamente.
“Dentro da nossa escola, o perfil do beach tennis é predominantemente feminino: 75% dos alunos. É um esporte que tem muitos torneios de fim de semana, sempre em grupo, o que a ajuda a fidelizar e atrair clientes”, conta Bruno.
Fonte: Valor Economico