Quando o ETF é uma boa opção de investimento?

Ter parte do seu portfólio alocado através de estratégias com ETFs pode reduzir consideravelmente os custos

Quais são as principais vantagens e desvantagens dos investimentos em ETFs em comparação com outros veículos? 

Sergio K. Leão, CFP, responde:

Uma das maiores dúvidas do investidor se dá sobre quais veículos de investimentos utilizar, ou não, dentro de uma estratégia de alocação. 

Ao olhar tanto para o mercado nacional quanto para o mercado internacional, é possível notar que uma das escolhas preferidas dos investidores continua sendo a de investir através de ETFs, como pode ser observado no último estudo da MorningStar. Houve um crescimento médio de 16% ao ano entre 2016 e 2022 nos valores geridos por essa classe de investimento. Um ETF, ou “Exchange Traded Funds”, é um fundo de investimento que utiliza os recursos captados para aplicar em carteiras que tenham um determinado índice de referência, como o Ibovespa, o S&P 500, entre outros. 

Dessa forma, a alocação desses recursos através da estratégia de ETFs tem como principais benefícios o baixo custo e a praticidade na estruturação de uma carteira diversificada. Por outro lado, esse tipo de investimento é de gestão passiva, ou seja, a alocação buscará a tendência do índice de referência. 

Sobre os custos, os ETFs costumam apresentar baixo custo de gestão, com ordem de grandeza de 0,5% ao ano, muito abaixo da famosa prática de mercado “2 com 20”, com custo de 2% + 20% de performance sobre o que exceder uma determinada referência. Por conta disso, é possível projetar maior consistência no crescimento patrimonial ao longo dos anos quando se comparam os ETFs a fundos tradicionais que trabalham com referências semelhantes de indicadores. 

O outro ponto positivo levantado, a formação de uma carteira diversificada de forma prática, se dá porque não é necessário ter conhecimento de análise ou macroeconomia para investir em ETFs, visto que a alocação dos recursos será feita pela equipe responsável. 

Em contrapartida, com a gestão passiva, os ETFs podem apresentar um retorno menos eficiente do que uma gestão ativa feita por uma equipe eficiente. Existem, dentro dos fundos tradicionais, diversas equipes de gestão que se especializam em determinado setor ou segmento dentro do mercado e, com certa frequência, apresentam um retorno mais consistente do que o dos ETFs, mesmo quando é considerado todo o desconto decorrente dos custos de gestão. 

Uma outra diferença se dá na tributação: enquanto outros fundos e até mesmo títulos de renda fixa são tributados pela tabela regressiva de IR, os ETFs seguem a linha do IR de Renda Variável, com alíquota fixa, estabelecida em 15% sobre o lucro apurado no momento de venda. Por fim, quando a comparação é feita entre uma carteira de ETFs e uma alocação via ativos livres – ou seja, comprar diretamente os títulos de renda fixa, as ações etc. -, é interessante observar uma última variável: a liquidez. 

Na estratégia de ETFs, a liquidez depende do índice de referência, sendo de dois dias para índices de renda variável e um dia para os que possuem como referência algum índice de renda fixa, enquanto na compra direta de renda fixa é possível que o investidor seja “obrigado” a se manter com os papéis até o vencimento, sob pena de multa em caso de venda antecipada. 

Ter parte do seu portfólio alocado através de estratégias com ETFs pode reduzir consideravelmente os custos e, quando combinado com gestão ativa, potencializar o crescimento do seu patrimônio sem que haja um grande ônus de disponibilidade temporal. 

Sergio K. Leão é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro

Fonte: Valor Econômico